Destralhar, destralhar e voltar a destralhar

Eu sou, definitivamente, uma pessoa muito apegada às coisas.
Por outro lado, sou daquelas pessoas que, para casa, nem que sejam pedras.
Portanto, como podem imaginar, a minha casa está cheia até ao tecto, ou melhor, estava.
Nestas férias, propus-me a fazer umas limpezas mais a fundo e umas inevitáveis arrumações, consequência das constantes obras cá de casa.
Ganhei coragem e deitei mesmo muita coisa fora.
Assumo que é uma tarefa que me custa muito e que tem mesmo de ser feita por mim, quando se trata das minhas coisas.
Esta questão tem-me marcado toda a vida, recordo os dias em descobri que a minha mãe me deitou fora alguns brinquedos, aproveitando a minha ausência, e, pior que isso, o dia em que descobri que me deitou fora a minha colecção de pacotes de açúcar, uma autêntica tragédia, como devem imaginar.
Mais recentemente, o Marquinho imaginou que poderia deitar fora uns papeis meus, coitado, eu ia tendo um AVC ao mesmo tempo que pedia o divórcio, mas tudo acabou em bem quando se percebeu que os ditos papeis ainda estavam cá em casa, apesar de estarem do lixo e, portanto, facilmente recuperáveis.
Isto tudo para dizer que, nestes dias, interiorizei o facto de não valer a pena guardar recuerdos com mais de 25 anos, ou mesmo dos tempos da Universidade, hoje em dia, pouco ou nada significam porque são tempos que já lá vão.
Com esta interiorização, acredito que, gradualmente, a minha casa vai começar a ficar mais vazia e eu vou conseguir destralhar mais facilmente.

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