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A mostrar mensagens de março, 2020

Então e estar em casa em teletrabalho com uma criança de 2 anos?!

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Primeira dúvida: com dois anos é beber ou já é criança? Depois: quem disse que era possível trabalhar com crianças em casa? Para além das crianças, durante o tempo em que estamos acordados, há as outras mil tarefas domésticas. No início, achei que isto seria tudo com uma perna às costas, que a casa estaria sempre num brinco (durou um dia essa minha ideia), que o cesto da roupa ia estar sempre vazia (que ilusão) e que eu e a Maria vamos aproveitar para fazer coisas novas e fora do comum (só pode ser piada). Fora tudo isto que saiu ao contrário, não posso estar ao computador que ela também quer, não a imaginam nas reuniões skype a debitar as suas ideias!! Ela mexe em tudo. Ela está muito crescida e alcança sítios onde há semanas não era possível. Ela repete tudo o que dizemos. Basicamente ela quer toda a atenção possível. É lógico que também descobrimos coisas novas na quarentena, como por exemplo, ela já sabe perfeitamente pegar no telemóvel desbloqueado, carregar

Eu estou sempre onde estão os frágeis

Eu estou sempre onde estão os frágeis, o meu marido às vezes até me costuma chamar Madre Teresa. Eu sou a primeira pessoa a defender quem precisa de defesa. Eu procuro casas para quem precisa. Eu já fiz campanhas para angariar roupa para quem mais precisou. Eu já fiz campanha e recolhi coisas para mobilar uma casa de pessoas que nem sabia quem eram mas que precisavam. Sim, parece um post sobre mim e é, de facto. Eu estou sempre ao lado dos frágeis, a ajudar quem precisa. Este discurso todo de hoje é para falar de sem abrigo. Muitas vezes já me revoltei em silêncio sobre este flagelo. Gasta-se dinheiro com tanta coisa e não se resolve esta questão. Há uns meses, numa ida a Lisboa, precisei de ir ao Teatro Nacional D. Maria II e lá estava a fachada principal, em plena luz do dia, cheia de se abrigo que literalmente ali vivem. Perguntei a mim própria como aquele edifício sede do nosso Teatro Nacional alberga sem abrigo, que contraste!! E escrevo isto não tendo nad

A minha quarentena

Nós cá em casa, já estamos há meses numa espécie de quarentena. O que se passava é que o marido é muito ocupado com bricolages, que faz sobretudo ao fim de semana e nas outras horas fora do trabalho. Essas bricolages já nos obrigam a ficar em casa desde dezembro. Há mesmo muito tempo que não damos um passeio, que não vamos jantar fora, entre outras coisas do género. Acontece que há 15 dias, de facto é diferente. Já não temos piscina ao sábado de manhã. A Maria já não vai à casa dos avós, nem passar tardes à casa da avó Di, já para não falar que não te, creche. O pai trabalha em casa, mais do que já trabalhava. A mãe também trabalha em casa, com reuniões online, onde às vezes a Maria participa com as suas ideias de que, tem dois anos. As bricolages ficaram mais intensas mas estão, finalmente, a chegar ao fim com a chegada do fim do mês. A Maria está há 15 dias em casa e a sua festa de aniversário foi resumida aos três com o Óscar. Parece mesmo que a quarentena est

23 de março

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Ontem foi dia 23 de março. Ontem o meu avô faria 92 anos. Já aqui o devo ter dito que eu sou como este meu avô, o avô Picanço, "sempre em festa". Sempre ouvi falar do mito familiar do meu avô estar 12 horas seguidas sentado a uma mesa, a comer e a beber, entre outros com um misto de cómico e de assustador. Ontem teria sido mais um dia de festa. Das muitas festas que o meu avô fez a "festa da luz" foi sem dúvida a maior, sem contar com o casamento da minha madrinha, obviamente. A "festa da luz" foi quando foi inaugurada a luz eléctrica no monte onde o meu avô nasceu e viveu quase toda a vida. Uma autêntica animação que só quem lá esteve pode testemunhar, não é possível descrever aqui e muitos dos que lá tiveram, tal como o meu avô, já cá não estão. Foi na casa e no monte do meu avô Picanço que me habituei a ver e a fazer festas, onde havia loiça que nunca mais acabava, onde bebíamos café "com espuma", pois ainda estavam muito long

"Cancelado" "Adiado" "Desmarcado"

São estas as palavras que mais se têm lido e ouvido, nos últimos dias. Sobretudo a área onde trabalho, a Cultura, é das mais afectadas. Muitas das pessoas que conheço, e com quem falo diariamente, estão com o seu futuro cancelado. Isto não seria mau se tivessem um salário seguro mas, na realidade, todos sabemos que a maior parte deles trabalha a recibos verdes, ou seja, se não trabalha, não recebe. Mostrar que estamos solidários não chega, temos de conseguir fazer algo mais, temos de usar a nossa segurança com aqueles que não dispõem dela. Ninguém sabe o dia de amanhã e aqueles que ajudamos hoje, podem vir a fazer por nós no futuro.

"COVID-19. OS MAIORES DE 65 ESTÃO A DEIXAR OS FILHOS À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS"

Para ler  aqui.

UM DIA DE CADA VEZ

Correram muitos dias desde que aqui escrevi pela última vez. O dia em que escrevo não será recordado como os melhores da nossa vida. Estamos a viver um dia de cada vez pois, o dia de amanhã é incerto. Diz-se, o que não quer dizer que seja verdade, que não há casos no nosso Alentejo, sendo um paraíso por estes dias. Continuo a trabalhar, meio dia, sem saber até quando. A minha Maria faz 2 anos para a semana, não vai haver festa. Há certezas mas há muitas dúvidas: - quanto tempo? - quais as consequências? - quem vamos perder? Boas notícias serão muito bem vindas!