O saco da Barbie

Desde muito pequena de me acostumei a passar férias aqui e ali.

Nas férias grandes, do 1º para o 2º ano, fui passar uns dias a Vila Franca de Xira, onde tenho família, foi uma óptima experiência: a tia vivia numas águas furtadas e descobri pela primeira vez na minha vida o que é e como se usa uma lima de unhas e o que é uma autoestrada!!!

A partir do 6º ano, comecei também a ir às Colónias de Férias da Oficina da Criança, igualmente uma grande experiência e uma forma de conhecer o nosso país.

Mas, havia outro tipo de férias: as que passava no monte do meu avô.
Eu tinha um saco que era de uma prima, um saco de viagem da Barbie, que herdei da minha prima Beta.
Chegadas as férias do Natal ou Páscoa ou férias grandes, metia a roupa no saco e lá ia eu passar temporadas.
No monte vivia o meu avô e a "Madrinha", mulher do meu avô que de "madrinha" só tem o nome porque é, e sempre foi, avó.
Lá no monte do meu avô eu portava-me muito melhor que com os meus pais, mas acho que isso é normal em qualquer criança. Andava nos porcos, nas galinhas, na horta e, uma vez, até apanhei pulgas.
O meu avô nunca conduziu, era sempre a Madrinha que conduzia a carrinha, vínhamos muitas vezes "à vila", na carrinha de três lugares, eu ao meio e eles às pontas.
Tenho muitas, muitas histórias passadas naquele monte: desde a Madrinha me fazer uma festa de aniversário, com bolo e tudo e, depois de cantarmos os parabéns, eu fiz uma birra que não queria partir o bolo porque era muito bonito (deve ter sido dos primeiros bolos de aniversário que tive). Por outro lado, só mais tarde, a luz eléctrica chegou ao monte do meu avô, até então, era de gerador e, quando o meu avô desligava o gerador, a luz apagava-se devagarinho e, quando assisti a isso pela primeira vez, tive medo, devo ter feito uma birra das minhas.
Mas, isto tudo para dizer que por mais birras que eu fizesse, a Madrinha tinha sempre muita paciência para mim, lá está, é avó e as avós têm sempre mais paciência que os pais.
O tempo e os anos foram passando e chegou o tempo em que o meu avô foi ficando doente, e velhote, e teve de "abalar" do monte, veio viver para a cidade mas, acabou por falecer em janeiro de 2012.
Ficou a Madrinha.
A Madrinha sempre meu deu a entender que gostava de tomar conta de um bebé que eu tivesse. Ora, esse bebé chegou em março de 2018 e ontem, tal como eu metia a roupa no saco cor de rosa da Barbie, também fiz a mala para a minha Maria começar a passar os dias com a Madrinha que é a sua bisavó, como eu já disse, uma das pessoas mais pacientes que eu conheço!
Porta-te bem Maria!!

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