9 anos

Faz hoje 9 anos que o meu avô Picanço morreu.

Durante anos, não soube o nome próprio dos meus dois avôs, era o avó Picanço e o avô Cortiçadas, depois descobri que era o avô Luís e o avô Manuel.

Correndo o risco de me esquecer, recordo aqui o meu avô Luís Picanço:

O meu avô usava notas no bolso da camisa.

O meu avô dormiu de pé, encostado a um poste, durante o batizado da minha irmã.

O meu avô ficava, na boa, 12 horas sentado a mesa, quando havia festas.

O meu avô nasceu e viveu quase toda a vida num monte, isolado, um dia, esse monte teve luz eléctrica e o meu avô fez uma grande festa.

O meu avô comia sopa ao pequeno almoço.

O meu avô bebia minis sagres aos poucos, bebia, tapava e voltava a guardar no frigorífico, e chamava a cerveja "água de Vialonga".

O meu avô só conduziu a carroça e a motorizada.

O meu avô era o provador da comida e fritava filhoses.

O meu avô nunca ralhou comigo, se ralhou, não me lembro.

O meu avô não sabia ler nem escrever.

O meu avô tinha 8 ou 9 irmãos e já faleceram todos.

O meu avô ficou viúvo quando o meu pai tinha 16 anos e o meu tio cerca de 20, passado algum tempo, juntou se com uma senhora, também viúva, que tinha uma filha de 9 anos.

Essa filha da senhora foi criada como filha do meu avô, o meu pai e o meu tio cresceram como filhos da senhora.

Essa senhora, a quem me ensinaram a chamar madrinha, faz 80 anos daqui a 2 dias e durante os meus 38 anos, foi minha avó.

Avó Florinda (para a Maria é avó e nada mais) obrigada por tudo, o avô tinha o seu feitio mas agradece também ⭐

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