Colheireiras

Parece um nome estranho mas é o nome de um sítio, um monte, o monte onde nasceu o meu avô Picanço.

O meu avô faleceu no primeiro dia do ano de 2011 mas, como é natural, as saudades são muitas.

Este meu avô, nasceu em 1929, neste mesmo monte, teve cerca de 9 irmãos, se as contas não me falham, e todos nasceram no mesmo monte.

Ele foi ficando no monte e os outros foram saindo.

Foi no monte que nasceram o meu pai e o meu tio, foi no monte que eles perderam a minha avó, foi para esse monte que foi viver a segunda mulher do meu avô - que trouxe com ela uma filha - e foi desse monte que o meu avô saiu, uns anos antes de falecer, de forma muito contrariada mas a sua saúde assim o pediu.

Depois disso, o meu tio ficou com o monte, nunca foi da família - pertence a outra família - mas o meu tio continuou a usar a terra.

No monte, para onde eu ia em todas as férias, havia sobretudo cães, galinhas, porcos, ovelhas, uma mula, entre outros animais.

Foi nesse monte que apanhei pulgas.

Foi nesse monte que adormeci muitas vezes com a luz do gerador a desligar devagarinho.

Foi nesse monte que vivi muito.

Todos os dias, alguma lembrança me vem do monte, nem que seja quando vou à casa de banho no trabalho, a qual tem, não me perguntem porquê, um cheiro que me faz lembrar o monte.

Acontece que o meu tio decidiu, em conjunto com a família proprietária do monte, que iria deixar de usufruir do monte. Acontece que por circunstâncias que não vêm agora aqui para o caso, o meu pai decidiu ser ele a usufruir do monte. 

Se eu podia estar mais feliz? Não caibo em mim de tanta felicidade, acreditem!


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